Guerrilha

Primeiro poema e título do livro vindouro, ou póstumo, caso ele não sobreviva até lá!

O primeiro ato da guerrilha é viver!

Viver, manter-se vivo, em tempos extremos, já é em si um ato de coragem,

Um ato de rebeldia,

Um ato de enfrentamento aos maus.

Porém, estarmos vivos não basta,

pois muitos estão mortos sob nossos pés.

Estarmos vivos não basta,

pois os opressores também estão vivos e matando!

Estarmos vivos não nos basta,

se continuamos meros expectadores daquele cortejo triunfal de que já nos disseram velhos camaradas…

Estarmos vivos e atentos aos mortos eis, de fato, o primeiríssimo ato da guerrilha!

Estarmos vivos e atentos aos vivos, eis o seguinte ato!

Estarmos vivos, de olhos arregalados, horrorificados sob o impacto da injustiça, segue sendo nosso ato-de-ver!

Estarmos vivos e alertas, indignados, embebidos na justa ira…

Estarmos vivos e amarmos a vida, a nossa vida, a vida de nossos companheiros e companheiras, de forma honesta e não paternalista…

Não nos coisificarmos, não espetacularizarmos nem a luta, nem a vida, nem a morte…

Seguem sendo nossos atos de guerrilha!

Eis que cada geração em luta, cria e sofre seus atos.

Comove-se ao mover-se e movendo-se comove seus pares e camaradas!

E cada ato, novo ato, velho ato, torna-se vida na luta pela vida e pela justiça; e contra a opressão, mas mais anda pela liberdade e redenção dos justos!

Eis que a queda também é um ato, tal qual é ato o joelho esfolado na queda!

Assim como o ato seguinte, levantar-se, se possível, e seguir fazendo o caminho…

E se morrermos no meio do caminho, entre um ato e outro…

                                                                           Entre uma rebeldia e outra…

                                                                            Entre uma luta libertária e outra…

A morte, quem sabe, seja nosso derradeiro ato…

                                                                                              Inconcluso e infinito!

De ato em ato a guerrilha segue, pois só isso nos resta! E isso, ao mesmo tempo, é pouco e tudo que temos e fazemos!

E eis que cada geração em luta, cria e sofre seus atos.

Comove-se ao mover-se e movendo-se comove seus pares e camaradas!

E cada ato, novo ato, velho ato, torna-se vida na luta pela vida e pela justiça, e contra a opressão, mas mais anda pela liberdade e redenção dos justos e dos oprimidos!

Eis que a queda também é um ato, tal qual é ato o corpo caído, o joelho esfolado, o olho arregalado, a vida carcomida, na queda!

Assim como o ato seguinte, levantar-se, se possível, e seguir fazendo o caminho…

E se morrermos?

Mas…

se morrermos?

Se morrermos?

Que nos vinguem no próximo ato e que cada ato seja um novo ato, que cada ato se faça História!

E que a História, quem sabe, seja nosso derradeiro ato…

                                                                                              Inconcluso e infinito!

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