Amazônia: histórias, culturas e identidades

Organizei, juntamente com os colegas Telmo Araújo e Jairo Silva, da UEPA, uma coletânea de artigos sobre a história da Amazônia. Abaixo segue a apresentação do livro, escrita pelos organizadores.

O livro pode ser baixado clicando AQUI.

Boa leitura.

APRESENTAÇÃO

A coletânea que ora apresentamos é resultado das atividades do GPAM, “Grupo de Pesquisa Amazônia: História, Culturas e Identidades”, grupo em atividade desde o ano de 2016. O livro reúne trabalhos de historiadores e historiadoras que fazem parte do grupo e que atuam como docentes no curso de História da Universidade do Estado do Pará (UEPA), assim como de ex-alunos que tiveram suas pesquisas vinculadas ao referido grupo de pesquisa.

A maior parte dos textos é fruto de reflexões e debates ocorridos nos eventos sucedidos na Universidade do Estado do Pará, organizados pelo GPAM e pelo Curso de Licenciatura em História, tais como o “Seminário de História”, realizado anualmente, que em 2019 chegou à sua 5º edição. Os trabalhos apresentados mostram a diversidade de estudos existentes nas Linhas de Pesquisa do GPAM, que atualmente se subdividem em três principais campos, à saber: Culturas, cidade e trabalho; Culturas, etnias e identidades e; História, ciência e ensino.

O crescimento do interesse da historiografia sobre as múltiplas experiências sociais determinou a escolha do grupo pela área de concentração em História Social, na qual se busca problematizar lutas, disputas e contradições existentes em diferentes experiências urbanas e rurais, em vários territórios e temporalidades, no contexto amazônico. Assim, os estudos desenvolvidos pelo GPAM têm dado ênfase à diferentes perspectivas sociais, incluindo experiências e culturas nem sempre ou pouco observadas pela historiografia “tradicional”. Elegendo a História Social como área de concentração, a proposta de trabalho do grupo de pesquisa encontra subsídios para valorizar outros sujeitos históricos, reconhecendo a heterogeneidade de experiências sociais de homens e mulheres, de diferentes etnias e gerações, todo o conjunto de práticas e expectativas sobre a totalidade da vida. Buscando-se, assim, democratizar o conhecimento do passado, enfrentando os múltiplos desafios contemporâneos da pesquisa.

O campo de análise, como já expresso no termo inicial do título do GPAM, é a Amazônia, em particular a Amazônia oriental e paraense. A Amazônia é vista em sua diversidade de experiências históricas e campos de lutas sociais que se apresentam em vários âmbitos da vida social, tais como as dimensões da cultura, das culturas populares, etnias e racialidades, cidade e trabalho, ciência e ensino. Por consequência, os textos contidos neste livro apresentam muitas amazônias possíveis, muitas experiências de um território de muitos territórios, recortado de desigualdades e diversidades.

Desta forma, o leitor ou leitora que folhear as páginas que aqui apresentamos terá a oportunidade de conhecer a Amazônia de mulheres divorciadas, solteiras ou viúvas de Belém da primeira metade do século XIX; assim como a Amazônia das práticas terapêuticas e da intervenção do poder público em relação à varíola ou ainda da relação e tensão entre medicina homeopática e a religião espírita no Pará, nos dois últimos casos já no início do século XX. Poderá conhecer um pouco sobre a Amazônia do mundo da educação formal e de como disciplinas como física e química eram ensinadas no Instituto Lauro Sodré, em Belém, no final do século XIX e início do XX; a experiência histórica de imigrantes retratadas em processos criminais, também no início do século XX; reflexões de intelectuais sobre a identidade nacional e amazônica nas páginas de revistas semanais paraenses do século XX e também reflexões sobre os conceitos de memória e de patrimônio a partir de acervos pessoais de Vicente Salles e de Dalcídio Jurandir. A Amazônia da cultura e modos de vida de ribeirinhos da Comunidade de Igarapé Grande, em Ananindeua, ou ainda da cultura popular e musical do carimbó e de outros gêneros musicais locais e globais, também estará presente neste livro. Por fim, a Amazônia das lutas populares e sociais emerge na história de conflito da Gleba Cidepar, na região do Guamá; na organização e na luta camponesa do Baixo Tocantins ou ainda na experiência da Pastoral da Juventude e das Comunidades Eclesiais de Base (CEBs) nos bairros de periferia de Belém, na segunda metade do século XX.

Temos em mãos, portanto, uma obra com muitos olhares, muitos temas para muitos leitores e leitoras. Apresenta-se um panorama tão diverso e rico quanto a própria região que é retratada nesta coletânea de trabalhos. Desejamos que os textos a seguir configurem-se, assim, como uma porta de entrada para o conhecimento histórico sobre as múltiplas amazônias, ou ainda um reforço na produção científica já existente sobre essa região.

Boa leitura a todos e todas!

Os organizadores”.

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