Sobre o amor entre as/os historiadores

Quando lemos eminentes historiadores refletindo sobre seu amor pela história, pelo passado, pela vida e argumentando que, tal como para os humanistas, aos historiadores deve interessar tudo aquilo que seja “humano”; não posso deixar de lembrar que pensadores de espirito humanista europeu, como Victória, Sepùlveda etc. defendiam com veemência filosófica ocidental a tese de que ameríndios eram selvagens e só poderiam ser “corrigidos” desta condição pela guerra e submissão aos valores europeus.

O humanismo, como a “ciência” moderna, foi estruturado pela episteme ocidental. O “humano” não surgiu como categoria neutra e o amor dos historiadores ao “passado humano” não é gratuito: alguém que ama tem endereço, e quem é amado tem raça, classe, gênero e localização geográfica. Ambos são uma geopolítica, um lugar de fala.
Cabe às historiadoras e historiadores se perguntarem qual “humano” amam, e por quais “outros” seu coração não bate.

Nada é neutro. Nem a ciência, nem o amor!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *