Manifesto das Historiadoras e Historiadores com Edmilson Rodrigues 50

Quase sempre historiadoras e historiadores, em seu trabalho cotidiano de pesquisa, ensino e ou/extensão, seguem a máxima que diz que seu ofício é o de “lembrar a sociedade daquilo que ela quer esquecer”.

Em outra escala, mas de modo parecido, há aqueles e aquelas que estabelecem como tarefa da sua profissão a escrita da História a contrapelo, de modo a interromper o “cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão”.

Há momentos em que o tempo se acelera e aqueles que buscam narrar o passado são levados em um redemoinho de acontecimentos que lhes exige, em todos os níveis, educar/escrever/narrar para transformar ou, em outros termos, seguir aquele outro conselho, feito originalmente para os filósofos (mas que podemos tomar emprestado), de que temos “interpretado o mundo de maneiras diferentes; a questão, porém, é transformá-lo”.

Transformar é, também, não deixar a barbárie, o obscurantismo e a intolerância se tornarem a moeda corrente.

É não se omitir diante da multiplicação de filhos periféricos, de fronteira, do velho e tacanho fascismo de ontem e de hoje!

É tomar posição objetiva frente a uma disputa eleitoral onde o projeto de uma cidade para as pessoas, democrática, popular, de novas ideias enfrenta o projeto do ódio, da indústria de fake news, da velha política travestida de “patriotismo” e discursos moralistas.

Edmilson Rodrigues 50 representa hoje, como já demostrou em suas administrações do passado, a possibilidade de uma cidade com projeto de saúde, saneamento básico e geração de renda para todos e todas; incentivo às artes, à cultura e à educação; transporte público gratuito e de qualidade; planejamento urbano e cidade para pessoas. Representa, em resumo, a Belém democrática e popular.

A Belém Mairi!

A Belém Cabana!

A Belém Afro!

A Belém das Mulheres!

A Belém de oportunidade para as crianças e juventude!

A Belém de todas as Cores e todos os Amores!

A Belém Ver-O-Peso!

A Belém carimbó, samba, capoeira e boi-bumbá!

A Belém Povo!

A Belém gente! Feita de gente, para as pessoas, com amor!

Por tudo isso nós, historiadoras e historiadores, de todas as áreas, da educação e da pesquisa acadêmica, declaramos nosso apoio à candidatura dos professores Edmilson Rodrigues e Edilson Moura para a prefeitura de Belém!

O tempo urge e “quem sabe faz a hora, não espera acontecer”: levantemo-nos para este movimento de defesa de uma cidade democrática, popular e para as pessoas!

Assinam este manifesto:

Adriana Coimbra (UEPA)

Adriane dos Prazeres (UEPA)

Adriano Sidrim (SEDUC)

Agenor Sarraf (UFPA)

Airton dos Reis Pereira (UEPA)

Aldrin Moura de Figueiredo (UFPA)

Alessandra Mafra (UEPA)

Alickson Lopes (SEDUC/FUNBOSQUE)

Alik Nascimento de Araújo (SEDUC/FIBRA)

Amanda Brito Paracampo

Amilson Pinheiro (UEPA)

Ana Lídia Nauar Pantoja (UEPA)

Anna Maria Linhares (UFPA)

Anderlei Marinho (SEDUC)

Andréa Pastana (SEDUC/UEPA)

Antonia Brioso (EA/UFPA)

Antonio Mauricio Dias da Costa (UFPA)

Aro Dinei Gaia ( SEDUC/SOME)

Caio Carneiro (SEDUC)

Camila Frota Costa

Carlos Maurício Santana da Silva (SEDUC)

Caroline Barroso (SEDUC)

Cleodir da Conceição Moraes (EA/UFPA)

Cristina Cancela (UFPA)

Daniel Souza Barroso (EA/UFPA)

Daniel Tavares (SEDUC/SEMEC)

Edgar Cabral (SEDUC)

Edilza Joana de Oliveira Fontes (UFPA)

Edilson Mateus Costa da Silva  (SEDUC)

Edivania Santos Alves (UFPA)

Elane Rodrigues Gomes (EA/UFPA)

Eliana Ramos (UFPA)

Elias Brito (SEDUC)

Fábia Martins (SEDUC)

Fábio Pessôa (Unifesspa)

Fernando Arthur de Freitas Neves (UFPA)

Filipe  Monteiro (UFPA)

Franciane Lacerda (UFPA)

Francivaldo Nunes (UFPA)

Iane Maria da Silva Batista (UFPA)

Jaime Cuéllar Velarde (Seduc)

Jair Mauro Diniz Neris (Unifesspa)

Jairo de Jesus Nascimento da Silva (UEPA)

Jane Felipe Beltrão (UFPA)

Jerusa Barros Miranda (UEPA)

José do Espírito Santo Dias Júnior (UFPA)

José Maia Bezerra Neto (UFPA)

Karl Arenz (UFPA)

Kleber Leite (SEDUC)

Laisa Epifanio Lopes (UFPI)

Leila Mourão (UFPA)

Leirson Azevedo (SEDUC)

Leopoldo Júnior (UEPA)

Letícia Pereira Barriga (IFAP)

Luana Sullivan Bagarrão Guedes

Luiza Amador (SEDUC)

Maíra Oliveira Maia (SEDUC/UNAMA)

Marcelo Capela (SEDUC)

Marcelo Martins

Márcio Couto Henrique (UFPA)

Márcio Neco

Marcos Alexandre (UEPA)

Marcos Carvalho (UEPA/SEDUC)

Marcos Oliveira (SEDUC)

Maria Martins (SEDUC)

Maria de Nazaré Sarges (UFPA)

Mauro Coelho (UFPA)

Odilene Santos (SEDUC)

Odozina  Braga (UEPA)

Otaviano Vieira Jr. (UFPA)

Rafael Chambouleyron (UFPA)

Rafael Ferreira

Raoni Raiol

Roberta Tavares (UFPA)

Rogério Silva

Pere Petit (UFPA)

Renato Aloizio de Oliveira Gimenes (UEPA)

Renato Pinheiro Sinimbú (UFPA)

Samuel Ribeiro Mendonça

Sônia Maria Rezende Santos (SEDUC)

Stela Pojuci Ferreira de Morais (UEPA)

Taissa Tavernard (UEPA)

Telma Saraiva (CCIAí)

Telmo Renato (UEPA)

Tony Leão da Costa (UEPA)

Vânia Maria Ferreira da Silva (SEDUC)

Wanessa Carla Rodrigues Cardoso (SEDUC)

William Gaia (UFPA)

Vitor da Mata (UEPA)

Venize Rodrigues (UEPA)

*Historiadoras e historiadores que desejam assinar o manifesto podem fazê-lo pelo endereço a seguir*:

https://www.peticao.online/manifesto_das_historiadoras_e_historiadores_com_edmilson_rodrigues_50

Breves passagens freireanas (e marxistas).

Paulo Freire é daquele tipo de pensador universal e profundo. Lê-lo é de uma experiência de profunda beleza e amorosidade. De uma “boniteza”, melhor dizendo, para ficar mais freireano…

Cada pessoa lê Freire de uma maneira, obviamente.

A minha maneira é lê-lo devaneantemente, despretensiosamente, meio até que distraidamente.  

Talvez essa minha maneira seja, exatamente, a minha forma particular de ler o texto lendo o mundo e ler o mundo mediado pelo texto – exatamente como Freire inspira.

Para mim, certos autores (coloco aqui também o Marx) ao serem lidos, mesmo um fragmento, às vezes exigem que fique refletindo por muitas horas seguidas, e até por dias.

Não sou produtivista!

Aliás, foda-se o produtivismo!

Mas, na verdade esse poste nem era para eu falar muito. A intenção era apenas citar uma, duas, ou três passagens freireanas. E de brinde uma passagem marxista.

No futuro breve, aqui neste espaço, colocarei de forma mais sistemática, sem perder o devaneamento, outras impressões freireanas.

Fragmento 1:

“Existir ultrapassa viver porque é mais do que estar no mundo. É estar nele e com ele. E é essa capacidade ou possibilidade de ligação comunicativa do existente com o mundo objetivo, contida na própria etimologia da palavra, que incorpora ao existir o sentido de criticidade que não há no simples viver. Transcender, discernir, dialogar (comunicar e participar) são exclusividades do existir. O existir é individual, contudo só se realiza em relação com outros existires” (p. 40 – nota 2 – do livro Educação como prática da liberdade, de 1967).

Fragmento 2:

“No ato de discernir, porque existe e não só vive, se acha a raiz, por outro lado, da descoberta de sua temporalidade, que ele começa a fazer precisamente quando, varando o tempo, de certa forma então unidimensional, atinge o ontem, reconhece o hoje e descobre o amanhã. Na história de sua cultura terá sido o do tempo — o da dimensionalidade do tempo — um dos seus primeiros discernimentos. (…) O homem existe — existere — no tempo. Está dentro. Está fora. Herda. Incorpora. Modifica. Porque não está preso a um tempo reduzido a um hoje permanente que o esmaga, emerge dele. Banha-se nele. Temporaliza-se” (p. 40-41 – do livro Educação como prática da liberdade, de 1967.).

Fragmentos 3 (Marx e Freire):

“A doutrina materialista de que os homens são produtos das circunstâncias e da educação, de que homens modificados são, portanto, produto de outras circunstâncias e de uma educação modificada, esquece que as circunstâncias são modificadas precisamente pelos homens e que o próprio educador tem de ser educado” (Marx em Teses sobre Feuerbach (III tese) de 1845, com pequenas modificações feitas por Engels em 1888).

“É que não haveria ação humana se não houvesse uma realidade objetiva, um mundo como ‘não eu’ do homem, capaz de desafiá-lo; como também não haveria ação humana se o homem não fosse um ‘projeto’, um mais além de si, capaz de capitar a sua realidade, de conhecê-la para transformá-la” (Paulo Freire em Pedagogia do Oprimido, refletindo a partir de Lenin, Lukács e, particularmente da III tese sobre Feuerbach de Marx, citada acima).

Hoje é sexta feira 13, inspiremo-nos, devaneemos sobre a boniteza e a potência!

Pós-verdade: desesperança, desespero e fascismo.

1. A pós-verdade é fruto do medo, da desesperança e do desespero e esses, por sua vez, nascem do próprio capitalismo que gera permanentemente a extrema desigualdade e a desagregação da vida social.

A desesperança e o desespero são o pano de fundo para o afloramento da pós-verdade; ou da mentira como fenômeno massivo da desesperança e do oportunismo e cinismo dos poderosos, se preferirem.

2. O que vem a ser a desesperança e o desespero?

A desesperança pode ser definida como “ação ou efeito de desesperar; desesperar-se; desesperação. Condição excessiva de desânimo em que uma pessoa se sente sem capacidade para realizar alguma coisa; desalento”.[1] Ou seja, segundo a definição encontrada nos dicionários usuais, a desesperança é uma condição/sentimento/estado de negativação da ação humana.

A desesperança é a negação da esperança, é a negação da possibilidade da espera.  

A condição de espera, o esperar, por si só, já pode ser vista como uma condição de relativa passividade, de alguém que espera alguma coisa, por exemplo. Diríamos que o esperar é um estado de passividade, porém, ainda é uma “passividade esperançosa”. Quando se espera, muitas vezes o esperado ocorre ou pelo menos pode, potencialmente, ocorrer. Nem sempre esperamos parados! Esperamos como potência.

A des-esperança (o posto da esperança, a negação da espera) nem isso mais é.

Não é mais uma possibilidade, nem é uma potência. A desesperança nos parece a priori muito mais passiva: é a desistência da esperança, a desistência da espera, é a desistência da potência.

Porém, desesperança pode ser vista também como positivação, como ação, não apenas como condição de passividade. Assim o é quando um dos desdobramentos de seus significados nos dicionários correntes aparece como “excesso de irritação; raiva ou cólera” ou ainda como “o que faz com que alguém se desespere”.[2]

Desesperançar, enquanto domínio do desespero, assim, equivale a irritar-se, colerificar-se, desesperar-se, arrancar-se lhe os próprios cabelos, colerificar-se contra todo um estado de coisas que está ai: a demora na resolução dos problemas, as instituições “ineficientes”, o desemprego, a carestia, os “impostos” sem fim, a violência urbana, os ônibus lotados, as recorrentes “promessas falsas” dos políticos, a demora no atendimento médico, as frustrações resultantes da falência das pessoas em exercer sua cidadania, a frustração da busca mítica na “elevação” das pessoas à condição de consumidores, o racismo, a homofobia, o machismo, o preconceito de classe e a superexploração do trabalho, etc.

O desespero pode ser a revolta contra tudo isso! E nesse sentido ele é não-passivo, é ação, uma ação revoltosa e potencialmente destruidora.

Contudo, para a maior parte das pessoas não há uma clareza das condições históricas que geraram a desesperança e o desespero. Tem-se apenas a sensação de que tudo está ruim, de que a “barra está pesada demais” e a resolução dos problemas lenta demais; daí que as pessoas perdem a esperança da resolução e ao mesmo tempo em que se desesperam, colerificam-se, explodem, gritam, esmurram, exigem uma solução urgente, imediata, uma solução de força, sem “blá blá blá”, uma resolução no aqui e agora!

3. Nesse momento em que a desesperança se consolida em desespero temos umas das condições primárias para a pós-verdade prosperar: a urgência na busca de fórmulas rápidas e mágicas (independentemente de serem ou não factíveis) possibilita a proliferação da mentira, de meias verdades, de mitologias, de distopias, de fake news, de fundamentalismos, como fenômeno massivo da desesperança e do desespero. Não se trata mais de uma mentira individual com efeito individual, mas de um fenômeno de massas, social, coletivo, de impacto político geral.

A negação da realidade objetiva, da concretude, da história ou, pelo menos, a fé cega e irrefletida na distopia, na irracionalidade, na pós-verdade, ou na simples e pura mentira, só ocorrem com tanta força e com adesão massiva em contexto de urgência, de desespero; quando não há tempo para se duvidar das soluções, quando não há tempo para respirar e alguém apresenta ao sujeito/sujeita desesperançado/desesperado uma solução aparentemente simples e rápida, um mito, uma solução mágica, quase sempre mediada pela força bruta. Surge alguém que diz que vai resolver todos os problemas, custe o que custar!

4. Outro lado da moeda é o oportunismo e o cinismo dos poderosos, ou dos representantes dos poderosos, que nesse momento se aproveitam para amplificar e difundir o caos, amplificar o medo, alimentar o delírio, a distopia, de modo a garantirem-se como os “salvadores”, aqueles que se colocam como “os de fora”, os que “não participavam desse jogo sujo” da política e que, portanto, viriam pra resolver, sem “blá blá blá”, na hora, se preciso pela força, pela violência, por fora da ordem, com milícias, como messias ou heróis.

Assim foi que Bolsonaro, um político velho e velhaco, com mais de 20 anos de política sem apresentar nenhum projeto para o país, pertencendo ao “baixo clero”, acostumado às maracutaias da política periférica e de submundo do Rio de Janeiro e das maracutaias de Brasília, apareceu com “salvador” e como “novidade”. E ficou livre e solto para cortar direitos dos trabalhadores, ampliar o desemprego, vender à preço de banana as riquezas nacionais, devastar o meio ambiente, bajular potências estrangeiras etc.  

Da mesma forma nos EUA um empresário mega rico, acostumado com as maracutaias do grande capital, acostumado a explorar trabalhadores de forma transacional e lucrar com falências, sonegação de impostos, perito na especulação financeira de todo tipo, apareceu como salvador da pátria, como aquele que iria colocar aquele país na sua antiga condição de “grandeza”.

Falei acima de oportunismo e cinismo dos poderosos. O oportunismo parece já estar bastante claro nesse senso de oportunidades que as elites têm de aproveitar a onda para se manter no poder, seja com Trumps e Bolsonaros seja com “democracias” mais tradicionais.

Sobre o cinismo uma coisa deve ser dita:

O cínico é aquele que acreditar ter, e tem por algum tempo, certeza de seu domínio, ao ponto de, não só oprimir, mas festejar sobre os corpos de suas vítimas. Tornando um festival, um espetáculo ainda mais grotesco, aquele cortejo triunfal de que nos fala Walter Benjamin:

“Todos os que até hoje venceram participam do cortejo triunfal, em que os dominadores de hoje espezinham os corpos dos que estão prostrados no chão”.[3]

O cinismo é a inescrupulosa certeza da impunidade e da vitória, do andar de cima!

Importante que se diga que esses cínicos, como Bolsonaro ou Trump, não são produtos de fake news e não são as fake news que os construiu e os sustenta, eles são fruto da própria dinâmica estrutural do sistema, gerador de desigualdades brutais, desamparo, desespero e, por consequência, busca de soluções de força, protofascista, neofascista, fascistas.  

A desesperança, o desespero, a falta de perspectivas do povo, dão a base social para a pós-verdade, pois a verdade da dureza da realidade não serve mais a quem não tem tempo, a quem está em pânico, desesperado, desesperançado, destroçado pelas engrenagens do sistema capitalista.

5. E aí entra um último ponto:

Na base de tudo isso, do ponto de vista estrutural, é o próprio sistema capitalista que gera o caos estrutural e a saída eventual para soluções de força (o fascismo do passado e do presente), na qual a pós-verdade é apenas um sintoma.

O capitalismo sistematicamente destrói os laços de solidariedade humana, as condições mínimas de bem estar social. Amplia sistematicamente o poder dos ricos e esmaga e destrói a vida dos pobres em todo o mundo. Cria as condições de extrema desigualdade, de riqueza absurda de uns poucos, pouquíssimos na verdade, e a miséria da maioria. Destrói formas de vida, destrói biomas, polui campos e cidades, gera conflitos sociais de todos os tipos, precariza o trabalho (uberiza) e retira direitos por onde se expande.

E do ponto de vista ideológico, difunde por todos os lados o mito do empreendedorismo, a cultura do consumismo, a socialização da vida pelo mercado, o hiper individualismo ególatra, o fetichismo da imagem, a busca permanente da performance fetichista no mundo virtual.

Todos esses elementos criam um desejo permanente de ser pela via do parecer ser/ter. O problema é que quando a realidade da vida, a condição do ser de fato, é revelada, para os consumidores frustrados, para aqueles que não conseguiram ser o que queriam ser, nem conseguiram parecer ser, já que são os miseráveis do mundo, vem a grande frustração e o caos se renova, num ciclo infinito: depressão, pânico, desespero, angústia, desamparo coletivo, ressentimento, atomização, desilusão, desalento, rancor, ódio, morte. Caos, medo, fascismo!

Em resumo: o capitalismo é a própria crise; o sistema engendra a extrema desigualdade e frustração e o medo; o medo, a desesperança e o desespero geram o fascismo com modo de vida global.

No fascismo os poderosos se mantêm no poder, sem máscaras, por via simples e pura da violência, e da manipulação, da pós-verdade, do desejo de controle absoluto dos oprimidos, cinicamente pela farsa, brutalmente pela força, pelo controle da vida e da morte.

O capitalismo é a estrutura própria do medo e da morte que se impõe e nos é imposto.  

O caos e o medo são globais e nossa única saída é criar estruturas de esperança e vidas de esperança, de forma concretas, objetiva, reais. E para tal só há uma saída: destruir a máquina estruturante da desigualdade, do medo, da desesperança, do desespero e da morte! Os modelos estão aí. A teoria já temos de sobra. Não nos faltam manuais da rebeldia. Ainda não conseguimos a adesão, o re-ligare, o enraizamento, e por isso a não verdade ainda é mais útil ao povo (em desesperança) do que as verdades, ou melhor, do que as dúvidas, os questionamentos, a interrogação rebelde que ponha abaixo tudo isso!


[1] Dicio – dicionário online de português. Disponível em: https://www.dicio.com.br/desespero/

[2] Ibidem.

[3] Benjamin, Walter. “As Teses sobre o Conceito de História”. In: Obras Escolhidas, Vol. 1,. São Paulo, Brasiliense, 1985. p. 222-232.